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Indústria: avanços no 1ºtrim/24, mas obstáculos à frente
Carta IEDI
Edição 1263
Sumário
O primeiro trimestre de 2024 se encerrou com algumas boas notícias para a indústria brasileira. Segundo os dados mais recentes do IBGE, houve aumento de produção de +0,9% em mar/24, já corrigidos os efeitos sazonais, bem como uma revisão para cima dos resultados dos dois primeiros meses do ano: redução da queda de jan/24 de -1,5% para -1,1% e mudança de sinal em fev/24, de -0,3% para +0,1%, sempre com ajuste sazonal.
No acumulado do 1º trim/24, a indústria como um todo deu sequência à evolução positiva recobrada no último trimestre de 2023 e, além disso, ganhou velocidade. Seu resultado passou de +1,1% em out-dez/23 para +1,9% em jan-mar/24, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior. Houve expansão em 3 dos seus 4 macrossetores, em 64% de seus ramos e em 89% dos parques regionais.
Como o IEDI apontou em outras oportunidades, há progressos no quadro industrial deste início de ano vis-à-vis a trajetória passada do setor. A redução da taxa básica de juros (Selic) e seu repasse aos juros dos empréstimos a empresas e famílias tende a criar um contexto promissor para a indústria. Entretanto, incertezas e obstáculos já surgiram no horizonte.
Podemos destacar as preocupações da autoridade monetária com um processo de desinflação mais lento do que o esperado, o que levou à redução do tamanho do corte da Selic de 0,5 ponto percentual para 0,25 p.p. na reunião de início de mai/24. E ainda mais imediato, o choque adverso derivado do desastre climático no Rio Grande do Sul sobre a produção industrial do estado, que vinha pegando tração.
Enquanto os ventos contrários não aparecem nos dados oficiais do IBGE, cabe observar que o desempenho industrial dos três primeiros meses de 2024 foi o melhor desde o 2º trim/21 (+22,7%), quando bases de comparação deprimidas pelo impacto inicial da pandemia de Covid-19 favoreciam taxas de crescimento expressivas.
A produção de bens de capital, que foi o único macrossetor no vermelho ao registrar -1,6%, em jan-mar/24, caiu muito menos do que vinha caindo, e guarda outro dado favorável nesta entrada de ano: seu segmento de bens de capital para a própria indústria, que estava no vermelho desde o final de 2021, dando uma sinalização adversa para o investimento no setor, aproximou-se muito da estabilidade: -0,2% ante jan-mar/23.
Bens de consumo duráveis é outro macrossetor a registrar progresso. Após recuos na segunda metade de 2023, retomou o sinal positivo ao registrar +0,8% no 1º trim/24, puxado por eletrodomésticos (+17%). A pequena amenização na perda de automóveis também ajudou (-6,8% em out-dez/23 e -5,9% em jan-mar/24).
Já bens intermediários se destacam pela manutenção do seu ritmo de crescimento na virada do ano, com alguma aceleração: +2,4% no 4º trim/23 e +2,7% no 1º trim/24. Nesta entrada de 2024 ajudaram o macrossetor a crescer os segmentos de intermediários de veículos automotores (+1,8%), siderurgia (+2,8%), celulose (+3,5%) e insumos para construção civil, todos vindos de uma fase de recuos sucessivos.
Os bens de consumo semi e não duráveis, por sua vez, seguem se expandindo, embora tenham sido o único macrossetor industrial com redução de dinamismo neste primeiro trimestre do ano (de +2,8% em out-dez/23 para +1,6% em jan-mar/24), por influência da produção de combustíveis e de têxteis e vestuário.
O grupo de alimentos é que tem resistido mais, apresentando aceleração na produção de carnes, exceto suínos e aves, e bebidas, em resposta à melhora do emprego e da renda no país, mas também das exportações. Nossos embarques de carne bovina estiverem entre os principais destaques de jan-mar/24: +25,9% ante jan-mar/23, em valor, segundo o Mdic.
Resultados da Indústria
De acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal divulgados pelo IBGE, a produção da indústria nacional registrou acréscimo de +0,9% em mar/24 frente ao mês anterior, na série livre de influências sazonais, intensificando, dessa forma, a variação positiva de +0,1% registrada em fevereiro. Com esse resultado, a indústria encontra-se +0,4% acima do nível pré-pandemia (fev/20) e -16,3% aquém do ponto mais alto da série histórica (mai/11).
No confronto com o mesmo mês do ano anterior, o total da indústria recuou -2,8% em mar/24 e interrompeu sete meses de resultados positivos consecutivos nesse tipo de comparação. Cabe destacar que o resultado também teve influência do efeito-calendário, já que mar/24 (20 dias) teve 3 dias úteis a menos do que igual mês do ano anterior (23).
Com isso, o setor industrial apontou expansão de +1,9% no acumulado dos três primeiros meses de 2024 frente ao mesmo período de 2023. A taxa anualizada, indicador acumulado nos últimos doze meses, ao avançar +0,7% em mar/24, permaneceu em terrenos positivo, mas reduziu a intensidade frente ao resultado de fev/24 (+1,0%).
Em relação às grandes categorias industriais, na comparação entre mar/24 e fev/24, na série com ajuste sazonal, bens intermediários (+1,2%) e bens de consumo semi e não duráveis (+0,9%) assinalaram as taxas positivas, com a primeira interrompendo dois meses consecutivos de queda na produção, período em que acumulou recuo de -3,4%; e a segunda intensificando o avanço de +0,6% registrado no mês anterior.