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Comunicação > Notícias 13º salário: o que fazer para não sufocar o caixa da empresa no fim do ano

Especialistas explicam como o planejamento financeiro e o uso estratégico do crédito ajudam as empresas a pagar o 13º salário sem comprometer o caixa.




O fim de ano traz uma obrigação trabalhista que pode pesar no orçamento das empresas: o pagamento do 13º salário. Para evitar sufoco financeiro em novembro e dezembro, especialistas orientam que a chave é planejamento ao longo do ano, aliado ao uso estratégico de crédito quando necessário.


PLANEJAMENTO É A PALAVRA DE ORDEM

O 13º é uma despesa previsível e, por isso, precisa ser tratado como parte do orçamento anual, orienta Renato Chiappim de Almeida, head de direito bancário do escritório Paschoini Advogados. “O ideal é reservar mensalmente cerca de 1/12 da folha de pagamento em um fundo ou aplicação de liquidez diária.”

“Também é importante incluir encargos incidentes, como INSS e FGTS, que muitas vezes são esquecidos e acabam pressionando o caixa”, acrescenta Almeida.

Essa provisão evita impacto brusco no caixa e protege os gestores de responsabilização por má gestão em caso de descumprimento das obrigações trabalhistas.

Na prática, se um colaborador recebe R$ 2 mil, a empresa deve reservar R$ 166,67 por mês para ter o valor integral no fim do ano, calcula Evelyn Rodrigues, head de recursos humanos do mesmo escritório.

Para o economista Carlos Eduardo Oliveira Jr., do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo), a disciplina é essencial. “O cálculo deve ser retirar cerca de 10% da folha de pagamento todos os meses para o abono. O dinheiro deve ficar investido em um fundo específico para esta finalidade, sem se misturar com outros recursos.”

Evelyn ressalta que a estratégia pode variar conforme o ramo de atividade:

- SETORES COM ALTA TEMPORADA EM DEZEMBRO
:  como comércio varejista, turismo e hotelaria, entre outros, que tendem a concentrar esforços nessa época, pois contam com receita elevada para suportar a folha e encargos adicionais.

- SETORES QUE ENTRAM EM RECESSO OU ENFRENTAM QUEDA DE FATURAMENTO NO FIM DO ANO: como indústrias que param linhas de produção, empresas de serviços business to business ou escritórios, que reduzem atividades se beneficiam de antecipar parte do pagamento ao longo do ano, justamente para não comprometer o caixa em meses de menor entrada.

- FLEXIBILIDADE NEGOCIADA COM COLABORADORES: em alguns setores, pode-se negociar o pagamento de uma parte em julho ou adiantamento parcial, conforme a necessidade do colaborador (respeitando o prazo legal).

- PLANEJAMENTO FINANCEIRO ALINHADO AO RH: o RH deve atuar lado a lado com o Financeiro, garantindo previsão e evitando uso de linhas emergenciais de crédito (como cheque especial) para cobrir o 13º.

- COMUNICAÇÃO ANTECIPADA COM A EQUIPE: avisar sobre o cronograma de pagamento (data prevista, possibilidade de antecipação etc.) gera confiança e reduz a ansiedade dos colaboradores.

- USO DE TECNOLOGIA: ERPs ou sistemas de gestão salarial automatizados ajudam a prever, provisionar e gerenciar o pagamento do 13º com precisão, inclusive considerando horas extras e variáveis

CRÉDITO PARA PAGAR O 13º SALÁRIO?

Mesmo com planejamento, imprevistos podem comprometer a liquidez. Nesse caso, recorrer a capital de giro pode ser estratégico para manter em dia a obrigação com os colaboradores. “A inadimplência pode gerar multas, ações trabalhistas e até responsabilização dos sócios”, comenta Daniela Poli Vlavianos, advogada do escritório Arman Advocacia.

Porém, Evelyn Rodrigues frisa que o crédito deve ser visto como instrumento de gestão, não como medida recorrente. “Faz sentido em situações de sazonalidade, crescimento acelerado ou quando preservar liquidez em outras áreas é mais vantajoso.”

Já Oliveira Jr. destaca que o uso do crédito pode equilibrar descompassos temporários, desde que haja previsibilidade de receitas futuras.


CUIDADO PARA NÃO COMPROMETER O CAIXA

Não existe uma regra sobre o quanto comprometer da receita mensal da empresa com uma linha de crédito, mas há parâmetros de governança, segundo Daniela Poli Vlavianos. “Não se deve comprometer mais de 20% do caixa disponível com despesas não provisionadas”, sugere.

Oliveira Jr., no entanto, amplia a faixa para até 30%, sempre preservando liquidez para fornecedores e tributos.

Outra referência prática, segundo Almeida, é que os custos fixos e financeiros não devem ultrapassar 50% da receita mensal. Já o serviço da dívida não deve passar de 30% da receita líquida.


PRODUTOS FINANCEIROS PARA RECORRER

Entre as opções, a antecipação de recebíveis aparece como alternativa menos onerosa, já que antecipa receitas futuras de duplicatas ou cartões, segundo os especialistas.

O capital de giro parcelado também pode ser uma boa solução, principalmente quando dilui o pagamento do 13º em parcelas com taxas menores, recomenda Almeida.

Já as linhas emergenciais, como cheque especial e o crédito rotativo, devem ser evitadas pelo alto custo, orientam todos os especialistas.
PRINCIPAIS ERROS DAS PMEs

- Deixar para buscar crédito na última hora, reduzindo poder de negociação e elevando custos.
- Escolher produtos caros e inadequados, como rotativo e cartão, sem calcular o Custo Efetivo Total.
- Misturar recursos da operação com o pagamento do 13º, criando descapitalização e riscos de inadimplência.
- Utilizar crédito de curto prazo para cobrir obrigações recorrentes, criando dependência financeira.
- Não comparar propostas entre instituições.
- Não separar obrigações trabalhistas das demais, já que o não pagamento do 13º pode gerar passivo prioritário na ordem de pagamentos.

Fonte: https://fastcompanybrasil.com/money/como-pagar-13-salario-sem-comprometer-caixa/






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