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Comunicação > Notícias INFLAÇÃO DE SERVIÇOS VOLTA A SUBIR E LIMITA CORTES NA SELIC

Apesar da desaceleração geral do IPCA, o setor de serviços segue pressionando os preços e dificultando o trabalho do Banco Central.

A inflação brasileira mostrou fôlego desigual em outubro de 2025. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu apenas 0,09% no mês — bem abaixo das projeções do mercado e dos 0,48% registrados em setembro. À primeira vista, o resultado parece confirmar que o processo de desinflação no país permanece firme.

Mas por trás desse alívio geral, há uma preocupação crescente: a inflação de serviços voltou a acelerar.

SERVIÇOS MANTÊM A PRESSÃO SOBRE OS PREÇOS

O segmento que inclui alimentação fora de casa, cabeleireiros, recreação, moradia, educação e saúde — registrou uma alta de 0,41% em outubro, acumulando 6,2% em 12 meses.

Esse comportamento indica que a demanda doméstica permanece resiliente, sustentando preços mais altos e tornando o processo de desinflação mais lento e complexo.

Como o setor depende fortemente de mão de obra, os custos com pessoal têm grande peso na composição dos preços, o que faz com que os serviços reajam menos aos cortes na taxa Selic.

POLÍTICA MONETÁRIA SOB PRESSÃO

A alta de serviços impõe um desafio direto ao Banco Central. Segundo o presidente do Sindicato dos Economistas no Estado de São PAulo (Sindecon-SP), Carlos Eduardo Oliveira Jr., esse movimento reforça a necessidade de cautela na condução da política monetária.

“O aumento da inflação de serviços limita o espaço para reduzir os juros. É um sinal claro de que o núcleo da inflação ainda está resistente”, afirma Carlos Jr.

Com a Selic mantida em patamar elevado, o crédito permanece caro, o que freia o consumo e inibe novos investimentos. Ainda assim, a autoridade monetária evita agir de forma precipitada para não comprometer o controle dos preços.

IMPACTOS NO CONSUMO E NAS EMPRESAS

Para as famílias, a consequência é sentida no bolso: o poder de compra cai, principalmente em gastos com lazer, alimentação fora de casa e transporte.

Já no setor empresarial, o cenário é de custos operacionais em alta e de margens de lucro mais apertadas. Diante da dificuldade de repassar os aumentos ao consumidor final, muitas empresas reduzem investimentos e adiam planos de expansão.

Esse ciclo tende a impactar a produtividade e a geração de empregos de qualidade, enfraquecendo o dinamismo da economia.

MERCADO DE TRABALHO E EXPECTATIVAS

Apesar do avanço da inflação, o mercado de trabalho segue aquecido, com a geração de vagas concentrada nos serviços. O problema é que os salários estão sendo corroídos pelos preços, o que limita o ganho real da renda e dificulta o planejamento financeiro das famílias.

Além disso, as expectativas de inflação permanecem acima da meta, o que gera incerteza e reduz a confiança dos investidores.

PERSPECTIVAS PARA 2026: AJUSTES ESTRUTURAIS

As projeções para o fim de 2025 e o início de 2026 indicam uma desaceleração gradual da inflação de serviços, desde que a política monetária restritiva seja mantida. No entanto, segundo Carlos Jr., não há solução rápida:

“A convergência plena à meta de inflação exige avanços estruturais em produtividade, educação e inovação, além de uma melhor coordenação entre a política fiscal e a monetária”, destaca o economista.

Em outras palavras, controlar os preços não depende apenas do Banco Central, mas também de reformas que aumentem a eficiência da economia.

CONCLUSÃO: O DESAFIO DE EQUILIBRAR CRESCIMENTO E ESTABILIDADE

O resultado de outubro mostra que o Brasil avança no processo de desinflação, mas ainda enfrenta um núcleo duro de pressões inflacionárias nos serviços.

Enquanto o consumo doméstico permanece aquecido e os custos de trabalho continuam elevados, o espaço para cortes na Selic será limitado. O grande desafio de 2026 será equilibrar crescimento, emprego e estabilidade de preços — uma equação que exige disciplina, coordenação e visão de longo prazo.





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