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Comunicação > Notícias Inflação de serviços segue pressionando o IPCA e impõe cautela à política econômica em 2026

A inflação de serviços continua sendo o principal foco de atenção na dinâmica inflacionária brasileira. Em novembro de 2025, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,18%, abaixo das expectativas do mercado, reforçando a percepção de que o processo de desinflação segue em curso no país.

No entanto, por trás desse resultado mais benigno, os serviços seguem exercendo pressão relevante sobre os preços. A inflação de serviços avançou 0,60% em novembro, acima do observado em meses anteriores, acumulando alta de 5,96% em 12 meses.

O dado confirma que, mesmo com a desaceleração da inflação cheia, o setor de serviços permanece resiliente e com comportamento inflacionário persistente.

Segundo Carlos Eduardo Oliveira Jr., presidente do Sindecon-SP, esse movimento exige uma leitura cuidadosa. “A inflação de serviços reflete fatores estruturais da economia brasileira, especialmente um mercado de trabalho ainda aquecido e mecanismos de indexação que tornam os reajustes mais difíceis de reverter no curto prazo”, avalia.

Por que os serviços continuam pressionando a inflação?

A persistência da inflação de serviços está associada a um conjunto de fatores que seguem atuando de forma combinada. Entre os principais, destacam-se:

 - Mercado de trabalho resiliente, com taxa de desemprego em patamar historicamente baixo, sustentando salários e repasses de custos;
 - Indexação contratual, especialmente em itens como planos de saúde, mensalidades escolares e serviços regulados;
 - Demanda interna robusta, impulsionada por políticas de transferência de renda e pela recuperação real do salário mínimo;
 - Choques pontuais, como os efeitos da COP 30, elevaram significativamente os preços de passagens aéreas e hospedagem, com impacto regional concentrado em Belém.

Para Carlos Eduardo, esses elementos explicam por que os serviços se tornaram o principal obstáculo à convergência mais rápida do IPCA à meta.

“Enquanto bens industriais e alimentos já mostram sinais mais claros de acomodação, os serviços continuam determinando o ritmo da inflação e, consequentemente, das decisões de política econômica”, afirma.

Impactos sobre a política monetária

A persistência da inflação de serviços reduz a eficácia da taxa Selic como instrumento de desinflação. Mesmo com a inflação geral mais comportada, o Banco Central tende a adotar uma postura mais cautelosa.

O cenário indica que a autoridade monetária deverá:

 - Manter os juros elevados por um período mais prolongado;
 - Reduzir o ritmo de cortes ao longo de 2026;
 - Reforçar a comunicação para ancorar expectativas inflacionárias

Na avaliação do presidente do Sindecon-SP, essa estratégia é compreensível. “A inflação de serviços responde menos rapidamente aos juros. Por isso, o Banco Central precisa equilibrar o combate à inflação com os riscos de desaceleração mais forte da atividade econômica”, destaca Carlos Eduardo.

Efeitos sobre a atividade econômica

Juros elevados por mais tempo tendem a impactar negativamente o investimento e o consumo de bens duráveis. Ao mesmo tempo, o setor de serviços, embora ainda em expansão, já começa a apresentar sinais de perda de dinamismo.

As projeções indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2026 pode desacelerar especialmente no primeiro semestre, refletindo o efeito defasado da política monetária restritiva e a redução do impulso da demanda.

“Esse é um cenário que exige atenção redobrada. A inflação de serviços pressiona o orçamento das famílias e limita o espaço para uma retomada mais consistente do crescimento”, observa o presidente do Sindecon-SP.

Um desafio central para 2026

A leitura dos dados de novembro de 2025 reforça que a inflação de serviços seguirá no centro do debate econômico em 2026. O enfrentamento desse desafio passa não apenas pela condução prudente da política monetária, mas também por medidas estruturais que aumentem a produtividade e reduzam custos no setor de serviços.

O controle sustentável da inflação exige ir além dos instrumentos tradicionais. Monitorar núcleos inflacionários e avançar em reformas que melhorem a eficiência do setor de serviços será fundamental para garantir crescimento com estabilidade de preços.

Enquanto isso, os serviços continuarão exercendo papel decisivo sobre a inflação, a política econômica e o poder de compra das famílias brasileiras, mantendo o tema no centro das atenções de economistas, formuladores de política e da sociedade como um todo.




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